Monday, February 23, 2009

Citizen Kane

É inevitável dedicar, novamente, um post àquele que é um dos meus lugares preferidos em Madrid – o Cine Doré, cinema pertencente à Filmoteca Española. Frequento este cinema com bastante regularidade já conhecendo e discutindo cinema com o senhor da livraria totalmente dedicada à film industry espanhola e além-paellas que o Cine Doré alberga. Não estivesse tudo em espanhol e eu, seguramente, já ali tinha gasto, para desconsolo da minha mãe e da minha conta bancária, uns quantos euros (além do boneco Woody Allen, ao qual não consegui resistir).

Desta vez, regressei para ver Citizen Kane. Qualquer cinéfilo sente um friozinho na barriga quando surge a possibilidade de ver um clássico como este na pantalla grande. Ou seja, não é todos os dias que podemos estar sentados numa sala de cinema a ver um filme com sessenta anos e, neste caso, aquela que é considerada a melhor película do século XX (altamente discutível, but still), provocando um sentimento de êxtase e, quiçá, privilégio – ou um sentimento de espanto para quem não acha piada nenhuma à coisa e está neste momento a pensar “como raio ela paga para ir ver um filme de 1941 com tanta festa Erasmus a acontecer em 2009?!”.


E por falar em salas de cinema… minha gente, esta mais parece uma autêntica sala de teatro de contornos decorativos manuelinos que não permitem evitar um “wow…” quando se entra. Enjoy!

Thursday, February 19, 2009

Noites de Aeroporto

Quando designo este post por “Noites de Aeroporto” faço-o de maneira bastante literal. Como se vê pelas fotos cheguei ao Aeroporto Madrid-Barajas às 01:01 para apanhar o avião das… 06:50. Sim, apenas às 7h da manhã iria fazer um voo de uma hora entre as capitais ibéricas. Fosse eu uma pessoa normal e, provavelmente, esta noite teria sido um aborrecimento de proporções épicas.

Não obstante, e dado que esse defeito crónico que a Humanidade insiste em perseguir, a normalidade, não me afecta, eis que às 01:01 estava eu radiante de ir passar as próximas seis horas da madrugada nesse antro de partidas e chegadas que me enche o coração de alegria, o aeroporto. Admito, contudo, que a última hora custou mais a passar do que as outras cinco, provavelmente porque o aeroporto já estava cheio de crianças sonolentas a chorar e jovens europeus a dirigirem-se para lugares exponencialmente mais fascinantes e inovadores do que a minha pessoa.


Há, também, que referir, o mérito da minha grande companhia da noite, The Road, um livro de Comarc McCarthy, vencedor do Pulitzer Prize de 2007 para Ficção. Este livro soberbo tem como mote central o meu género preferido em filmes e livros – cenários pós-apocalípticos da Humanidade. É verdade, eu tenho um fraquinho por contos que mostram o planeta depois de nós o destruirmos. E ele e a nós próprios. Ah, wishfull thinking…


Neste caso, McCarthy relata a história de um pai a tentar proteger o seu filho ao mesmo tempo que ambos tentam chegar à costa oeste de uns Estados Unidos que, assim como o resto do mundo, foram completamente destruídos por algo nunca completamente relevado, não restando qualquer tipo de ser vivo, animal ou vegetal, no planeta além dos poucos milhares de humanos. que sobreviveram à catástrofe. Consequentemente, a situação obriga essas pessoas a tornarem-se canibais... e coisas piores. A lovely reading indeed.


E foi, sem dúvida, a melhor escolha para ler durante uma madrugada, num aeroporto deserto (talvez, daí o desconforto quando, depois de horas submersa num planeta despovoado e rodeada de silêncio toda a noite, me apercebi que o mundo estava tão overpopulated as always e pronto para viajar de Madrid para o mundo).

Sunday, February 8, 2009

Noites de Bacalhau

Atendendo aos pedidos incessantes dos intervenientes do meeting (em espanhol mitín) em questão, peço desculpa de não ter postado isto antes mas não me parece que escrever sobre a vida social do emigrante português ajude-me en los examenes! (Tal como andar a pesquisar coisas da minha recém-descoberta fé, The Church of the Flying Spaghetti Monster, claramente não me serviu de muito para o exame de Fuerzas Religiosas…)


Mas, finalmente, aqui está ele, o belíssimo Bacalhau à Brás da quinta-feira passada. Isto de se comer bacalhau no estrangeiro (sim eu sei, não é estrangeiro, é Espanha) tem mesmo um gostinho especial e, confesso, senti a emoção proveniente do meu paladar lusitano ao saborear este marco culinário português. E, se a tamanha iguaria, adicionarmos cerveja Sagres e o Toninho como música de fundo então, meus amigos, é impossível não verter uma lágrima de saudade desse nosso pedaço de terra, há séculos encurralado entre peixes e espanhóis. Isso e mais uma vez ir com um tupperware de sopa no metro (que eu quando consigo refeições decentes não as deixo escapar e peço logo serviço take-away além do serviço de mesa da hora).

Convém referir, também, que esta foi mais uma semi-despedida do casal português que regressa à pátria (para a semana haverá uma terceira despedida e, pelo andar da carruagem, ainda telefonam de Badajoz para partilharmos todos um último caramelo).

Não me vou alongar mais pois já dei o discurso melancólico do goodbye and farewell a semana passada e ainda terei que inventar algo profundo para (voltar a) dizer a semana que vêm!

Tuesday, February 3, 2009

Estágio: Fim!

Será que posso acreditar que o estágio, efectuado na Embaixada de Portugal em Madrid, foi uma experiência óptima que acabou da melhor forma? Yes, I Can!!

O ar de dever patriótico cumprindo

Depois de três meses de extrema dedicação laboral árdua, eis que vejo a qualidade do meu suor ser recompensada com uma festa de despedida surpresa, champanhe, postal com dedicatória e até prenda! Além, claro, da presença de todos os funcionários, inclusive do xôr Cônsul e do Adido Militar! Pretty cunning dontcha think?! Eu achei!

Foi uma espécie de momento full circle final de uma experiência incrivelmente boa que, apesar da exaustão física e mental derivada da intensa conjungação verbal erásmica, tenho mesmo muita pena de terminar. Devo muito a todos os funcionários – Raul, Isilda, Catalina, Maria José, Teresa e os demais – que me ajudaram em tudo from day one, incluindo a oferenda de bolachas, bolos e fruta a esta criança vítima de subnutrição, característica comum dos Erasmus (espécie de escorbuto académico internacional).

É, também, inteiramente devido, um agradecimento ao Cônsul que além da pessoa acessível que sempre foi, escreveu-me uma bonita e singela (muito boa mesmo) Carta de Recomendação que, convicta e orgulhosamente, irei erguer bem alto assim que me puser na fila do Centro de Emprego de Sacavém.

Em suma, esta foi a minha primeira experiencia laboral, correu muitíssimo bem, terminou ainda melhor e, acima de tudo, valeu por ter conhecido pessoas que dificilmente esquecerei.

Hasta la vista!

Eu e a Entidade Patronal, o Cônsul (meninas, eu sei...)

Tapas e Champanhe

Ilustres Convidados