Thursday, February 19, 2009

Noites de Aeroporto

Quando designo este post por “Noites de Aeroporto” faço-o de maneira bastante literal. Como se vê pelas fotos cheguei ao Aeroporto Madrid-Barajas às 01:01 para apanhar o avião das… 06:50. Sim, apenas às 7h da manhã iria fazer um voo de uma hora entre as capitais ibéricas. Fosse eu uma pessoa normal e, provavelmente, esta noite teria sido um aborrecimento de proporções épicas.

Não obstante, e dado que esse defeito crónico que a Humanidade insiste em perseguir, a normalidade, não me afecta, eis que às 01:01 estava eu radiante de ir passar as próximas seis horas da madrugada nesse antro de partidas e chegadas que me enche o coração de alegria, o aeroporto. Admito, contudo, que a última hora custou mais a passar do que as outras cinco, provavelmente porque o aeroporto já estava cheio de crianças sonolentas a chorar e jovens europeus a dirigirem-se para lugares exponencialmente mais fascinantes e inovadores do que a minha pessoa.


Há, também, que referir, o mérito da minha grande companhia da noite, The Road, um livro de Comarc McCarthy, vencedor do Pulitzer Prize de 2007 para Ficção. Este livro soberbo tem como mote central o meu género preferido em filmes e livros – cenários pós-apocalípticos da Humanidade. É verdade, eu tenho um fraquinho por contos que mostram o planeta depois de nós o destruirmos. E ele e a nós próprios. Ah, wishfull thinking…


Neste caso, McCarthy relata a história de um pai a tentar proteger o seu filho ao mesmo tempo que ambos tentam chegar à costa oeste de uns Estados Unidos que, assim como o resto do mundo, foram completamente destruídos por algo nunca completamente relevado, não restando qualquer tipo de ser vivo, animal ou vegetal, no planeta além dos poucos milhares de humanos. que sobreviveram à catástrofe. Consequentemente, a situação obriga essas pessoas a tornarem-se canibais... e coisas piores. A lovely reading indeed.


E foi, sem dúvida, a melhor escolha para ler durante uma madrugada, num aeroporto deserto (talvez, daí o desconforto quando, depois de horas submersa num planeta despovoado e rodeada de silêncio toda a noite, me apercebi que o mundo estava tão overpopulated as always e pronto para viajar de Madrid para o mundo).

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