Thursday, October 30, 2008

Meu Aniversário: Part II

Caros leitores, todos os três e meio, peço desculpa pela ausência mas no passado sábado meti-me num avião e fui passar uns dias à pátria para comemorar o aniversário. Foram uns dias catitas, revi quem importa e comi. Comi sem parar durante a permanência em terras lusitanas.

É impossivel deixar de fazer referência e de agradecer incessantemente as prendas exibidas nas fotos. Só quem conhece bem a minha geekice poderia dar-me coisas destas – o gorro do Hero of Canton e o livro do Watchmen (não, eu não descobri a BD por causa do filme, li o livro pela primeira vez aos 16 anos!).


Para quem não sabe, o elemento fofo com um pompom no topo a aquecer-me a cabeça faz parte da minha serie de tv preferida, Firefly, e este foi hand made especialmente para mim. Coisa mai linda!!


O livrinho que seguro com tanto carinho é, provavelmente, a melhor banda desenhada (para adultos) alguma vez feita, descrita pelo New York Times como uma das melhores obras de literatura do século XX. Esta capa não é a original e eu culpo a FNAC por isso.

E a sensação de regresso a casa? É estranha, muito estranha. Ao regressar, é tão surrealmente fácil voltar a encaixar nas rotinas que ficaram – e digo, fácil no sentido físico e não psicológico – que quando acordarmos na nossa cama de sempre, com o pijama de sempre, no quarto de sempre, os últimos dois meses soam a pura imaginação sonhada da qual finalmente se desperta. Mergulha-se na vida antiga com uma facilidade tal que a nova parece não existir. Não gosto desta sensação! Voltei. Está tudo aqui. Estou descansada.

Friday, October 24, 2008

Mi Cumpleaños: Part I

Para terem uma noção do pânico em que eu me encontrava quando cheguei a casa para esta agradável surpresa, deixem-me que vos contextualize um pouco na minha realidade doméstica. Cada uma das minhas companheiras de piso tem a sua personalidade bem distinta.

Benedetta, italiana. Pessoa easygoing para quem está sempre tudo bem, incapaz de qualquer tipo de confrontamento ou discussão mesmo que alguém lhe atirasse o portátil pela janela. “Assim apanha um pouco de ar e eu não quero incomodar ninguém… se atirou pela janela terá algum bom motivo!” – com certeza reagira assim a esta hipotética situação.

Pauline, francesa. Maníaca das limpezas – lava roupa duas vezes ao dia, lava a casa dia sim dia não, compra aspiradores, panos do pó, produtos de limpeza e demais variados produtos que mantenham uma casa impecável. Mete-me, até a mim, um pouco de medo. Limpo sempre as migalhas. Também gosta de por cá meia França a dormir.

Sophie, inglesa. É o estilo de pessoa que deixa o fogão e o forno acesos, destrói utensílios de cozinha, abre a máquina de lavar roupa e inunda a casa de banho com água, lava a roupa dos outros (a minha) duas vezes porque não reparou que havia roupa na máquina quando foi lavar a sua… isto só para citar alguns exemplos da sua pródiga vocação como dona de casa.

Qual não é, então, a minha reacção quando tenho duas chamadas da dita britânica e uma mensagem “Vem já para casa! Aconteceu algo que tens de ver….”. Depois de ler tal coisa, comecei a pensar no que ela teria feito… Pegou fogo à casa? Destruiu a minha roupa? Atirou o meu portátil pela janela? Até já tinha a frase preparada para lhe dizer quando chegasse “Sophie, I’ve seen enough television to know how to kill someone and get away with murder. So, I Will Kill You.”

Surpresa, surpresa e tenho uma mesa cheia de bolos para comemorar os meus anos mais cedo porque vou a Portugal amanhã! Tive direito a lacinho no queque de chocolate, “Parabéns” cantado em espanhol e francês e a uma dor de barriga bem grande depois de tanto açúcar ingerido. And the best part, it’s all worth it!

Próxima festa de aniversário em Portugal!!

Tuesday, October 21, 2008

O Post da Anti-Inveja

Estava eu, alegre e voluntariamente encarcerada na biblioteca na minha faculdade de acolhimento, quando penso que não tenho qualquer novidade para colocar no blog. Escrevo então, caros amigos, o post da anti-inveja. Da vossa anti-inveja. Para todos os relatos da minha nova e fascinante vida, aqui fica um para provar que esta também tem os seus dias (e não são assim tão poucos) entediantes.

Essa mítica vida de Erasmus que se crê ser de muita festa, muita cerveja e pouco trabalho académico, acreditem, é propaganda enganosa (vá, ao fim-de-semana nem tanto). Isto dos professores pensarem que não temos mais nada do que fazer para além da sua própria cadeira – *o pânico instala-se* – deixa pouco tempo para essas lendárias actividades erásmicas.

E eis que ao sair da faculdade, destinando o meu serão a ficar em casa de pijama (e de consciência pesada por não ir ler mais nenhum texto nesta língua pornográfica), a Nídia telefona-me e acabamos na Gran Via a ver lojas e de seguida a desfrutar de uma saudável, nutritiva e tipicamente espanhola refeição no McDonalds. Fico então contente por me lembrar de querer escrever este texto e da vossa anti-inveja já não poder ser total.

Gran Vía e McDonalds da Gran Vía

Sunday, October 19, 2008

Noites de Tapas, Blues e Camões

No relato que se segue vou dividir a noite de ontem em três actos. Todos distintos, todos memoráveis.

Acto I. El Tigre. Tapas e cerveja (ok, para alguns coca-cola) com duas italianas e uma espanhola. Este bar, situado na Chueca, tornou-se o ponto de encontro dos Erasmus aqui em Madrid. Está sempre completamente lotado e tem bons motivos para isso – por cada cerveja (again, coca-cola) pedida é dado um prato de comida (bem boa!), as chamadas tapas (como podem ver na foto). Este ritual torna-se tão viciante que muita gente sai dali bêbado, de barriga cheia e carteira vazia. Mais uma vez reforço a ideia que este bar é mesmo muito bom e se vieram a Madrid não deixem de lá dar um saltinho (de várias horas)!


Acto II.
Red House @ Bogui Jazz. Muda-se a equipa erásmica e passo a estar acompanhada por uma inglesa, uma francesa, uma dinamarquesa e uma italiana. Sigo para um concerto de blues, que se provou fenomenal, de uma banda chamada Red House num pequeno club de jazz perdido, também, na Chueca, o Bogui Jazz. Mal sabia eu, antes de alguma investigação, que esta é das melhores bandas de blues da Europa com vários prémios ganhos pelo mundo inteiro. Para quem gosta de todo o movimento de blues desenvolvido em Nova Orleães, Estados Unidos ou mesmo de Elvis Presley, e os artistas da Sun Records em inicio de carreira, estes concertos são algo a não perder. O vocalista era californiano e a vibe transmitida ao público por toda a banda… God bless the Blues!


Acto III. Camões. O momento WTF na noite, ou dito de uma maneira mais literária… nada melhor que terminar a noite com um surrealismo poético. Ainda sem sair da Chueca, caminhando pelas ruas, cruzamo-nos com dois chicos argentinos já, ligeiramente, alcoolizados. Qual não é a minha surpresa quando, ao descobrir que sou portuguesa, um deles recita um poema de Luís de Camões. Não fosse isto estranho o suficiente e eis que cambia para Fernando Pessoa e começa, não só a descrever-me os heterónimos, como conhecia poemas como Tabacaria. Eu sou grande fã de Fernando Pessoa e conheço poemas de Camões mas, digam-me lá quantos de vocês, portugueses originais, têm o mesmo conhecimento dos maiores poetas portugueses como tinha este argentino bêbado às duas da manhã que conheci totalmente por acaso?

Saturday, October 18, 2008

Vida Académica

Aqui está a faculdade que me acolhe, às 10h da manhã, qual de nós com o ar mais sonolento e vontade de continuar em silêncio sem as almas mais despertas caminhando entre nós.

As cadeiras estão escolhidas e cada uma trás consigo um generoso cabaz de trabalho que, somando ao estágio e ao respectivo relatório (do qual falarei noutro post), começam a deixar-me com uma lágrima de pânico no canto do olho. *Inserir palavras de reconforto aqui!* -Vida de Erasmus não é suposto ser fiesta all day/night long?!

De qualquer modo, estou contente. E sinto esse contentamento crescer quando me apercebo que de facto estou noutro país, com outra vida, a tornar-me uma pessoa diferente (é cheesy, eu sei). Mas, acima de tudo, estou verdadeira contente de não estar no ISCSP neste este último ano de licenciatura.

Don’t get me wrong, sinto a falta de algumas pessoas (yeah Johnny Feather, I’m looking at you) mas aquele lugar consumiu partes de mim que eu quero de volta. É bom poder ir para a faculdade com a guarda em baixo ao invés de armada contra os possíveis surrealismos diários de quem quer chegar ao topo mesmo que pertença no lugar baixo possível. Mas falar é dar importância e o importante para mim está a anos luz dessa realidade.

Para finalizar, enumero as cadeiras, las asignaturas, que estou a fazer neste primeiro semestre:

- Conflito Politico e Violência Colectiva
- Forças Religiosas e Sociedade Internacional
- Cultura e Participação Política em Espanha
- História dos Movimentos Sociais
- História das Relações Internacionais

Tuesday, October 14, 2008

Ai com certeza é uma casa...

…portuguesa!

Emigrante que se preze, ao voltar às origens tens que trazer aquilo que mais falta faz ao coração, à alma e ao estômago português. E se tal objecto de saudade não for bacalhau, certamente serão pastéis de nata! Um bem haja ao Daniel que no seu regresso da terra prometida nos trouxe além dos ditos pasteis, moscatel e flocos de neve da sua terra amada, o Barreiro.

Deixo, também, uma pequena grande nota de agradecimento aos anfitriões do encontro e artesãos da bela sopa portuguesa que me vêm a comer, com tanta satisfação, na foto. Que seria da minha alma lusitana se a Sarita não me chamasse para jantar em sua casa sempre que faz sopa?

Sunday, October 12, 2008

Pim Pam Pum... Bocadillo de Atún

Como tenho adultos a ler o blog vou-me escusar de relatar os pormenores mais gráficos da minha noite de ayer.

Quem diria que às 5 da manhã iria estar em casa de espanhóis e italianos a comer uma dose dupla de pasta, um dos pratos confeccionados por uma italiana e o seguinte por um alemão?

E mesmo que, antes disto, iria receber uma flor de um espanhol mais bêbado que consciente que se pôs a discutir, da janela da sala, com um qéfrô para comprar duas rosas de papel a 1 euro e meio (pelas duas, que se não for uma pechincha não tem piada!)?

Contudo, o regatear efusivo com o qéfrô só chegou depois de meia hora a cantar a música do Carrefour a vivos pulmões que, claro está, também já entro no meu reportório musical… Na na na na na, na na na na na, naaaaaa

Ou ainda, caros amigos, quantos de vocês já tiveram alguém que nunca viram na vida a bater-vos à porta, perdão, janela da sala, para ir à casa de banho e acaba no quarto de um dos habitantes do dito lar durante quinze minutos, if you know what i mean?

So THIS is Erasmus… Shiny!

Saturday, October 11, 2008

Templo de Debod

E esta hein?

Quem adivinharia que no meio de paellas e bocadillos de presunto, Madrid também tem um Templo Egípcio? Chama-se Templo de Debod e foi uma prenda do Egipto a Espanha em 1968 pela ajuda prestada aquando da operação para salcar os Templos de Núbias.

É algo a não perder para quem visita Madrid, mais não seja pela pontinha de surrealismo que existe na experiência de sermos transportados para o Egipto através de um parque madrileño.

Friday, October 10, 2008

Internacionalismo Culinário

Hola chicos y chicas, gaijos e gaijas!

Como hoje não tenho muito tempo para actualizar o blog, e como já não ponho aqui nada há dois dias (o sacrilégio! os fans que já choram pela demora!), deixo-vos apenas umas linhas que, espero, vos causem alguma inveja.

Almoço de Hoje: com 1 norueguês, 1 cubano, 1 austríaco e 1 turca.
Jantar de Hoje: pasta italiana com molhos enviados de Itália, tudo confeccionado por italianos!

Hasta mañana!

Wednesday, October 8, 2008

Novas Tendências

De uma faculdade de (extrema) direita para uma de (extrema) esquerda.

Já imaginaram o nosso belo ISCSP a albergar uma associação deste tipo? Ou a ter A’s anárquicos grafitados pelas nossas belas instalações no Alto da Ajuda? Ou mesmo ver os alunos a trocar o seu sapato de vela por roupa em segunda mão dos anos 70?

Fosse eu alguém que liga alguma coisa a esta redundância de catalogar a política entre direita e esquerda, cima e baixo, norte e sul - o que lhe queiram chamar - e talvez esta mudança de ares me causasse algum transtorno. Claramente não é o caso.

Para mim, seres humanos são tão vítimas e tão motores da sua Humanidade em qualquer dos lados da barricada.

Tuesday, October 7, 2008

Atocha

Hoje apresento-vos a Estação de Comboios de Atocha.


Esta estação faz Santa Apolónia parecer o terminal dos autocarros de uma qualquer aldeia alentejana. Além da sua magnitude, impressiona o turista incauto pela estufa tropical que alberga no seu interior. Foi daqui que partiu o comboio que me levou a Toledo, e bem, é daqui que partem a quase totalidade de todos os comboios com destino ao resto de Espanha e à Europa.

Invade-nos, igualmente, uma sensação estranha por estar no local onde há apenas quatro anos morreram 190 pessoas num atentado bombista. Temos sempre este tipo de tragédias como algo distante que aconteceu noutro canto do mundo e que chega até nós através do conforto da nossa televisão. Diga-se que vestígios da tragédia limitam-se apenas a um Memorial em forma de placa com dedicatória, posicionada numas das entradas da estação.


Não deixa, também, de ser um pouco, digamos, peculiar, que num país vítima de um atentado de cariz internacional e que lida diariamente, há décadas, com a ameaça da ETA, exista tão pouca segurança. O controlo de passageiros em Atocha é ridículo… todas as mochilas têm que passar nos scanners (acredito que queiram comprovar se levavamos um bocadillo de jámon ou de calamares) mas nenhuma pessoa é revistada ou sequer passa num detector de metais. Eu posso muito bem pôr uma bomba no bolso enquanto espero na fila para verem o interior da minha mochila.


Os americanos deviam resfriar um pouco a sua paranóia relativa à segurança observando os métodos bem mais descontraídos dos países latinos. Ou será ao contrário?

Monday, October 6, 2008

Surrealismo: Parte I

Tendo o privilégio de ser convidada por um jovem casal português, também Erasmus, para ir jantar uma bela sopa portuguesa à sua acolhedora casa madrileña, eis que a anfitriã em causa insistiu para que levasse um pouco de sopa a quando do meu regresso a casa. E é assim que me encontro, à 1 da manhã, no metro de Madrid, com um tupperware (caixa de gelado) de sopa juliana na mão.

Sunday, October 5, 2008

Toledo

Antes de mais, peço desculpa pela demora na actualização do blog mas os últimos dias têm sido caóticos entre início de aulas e alguma, moderada, ramboia.

Mas descansem, do not fear, está tudo documentado na minha companheira inseparável, a máquina fotográfica.

Aqui ficam as fotos do dia de ontem passado na cidade de Toledo que, está claro, foi mais um dia memorável!

Wednesday, October 1, 2008

Vicky Cristina Barcelona

A vida, às vezes, tem destas coisas.

Faz hoje um mês que cheguei a Madrid e ando há uns dias a pensar no que escrever para celebrar tal acontecimento. Que palavras tão profundas e poéticas poderão ser utilizadas para descrever o que tenho passado? Nenhumas.

Ironicamente, sem me ter apercebido que hoje era, efectivamente, dia 1 de Outubro, fiz algo tão simples mas, também, tão carregado de um sentimento de satisfação e contentamento – fui ao cinema. E é exactamente sobre este comportamento social tão banal que vou escrever pois não existem quaisquer outras palavras, profundas ou poéticas, que possam descrever este mês como esta noite o fez.

Vicky Cristina Barcelona. Este filme irá, muito provavelmente, ficar-me na memória como uma das minhas maiores recordações de Madrid. Ir ao cinema ver um filme do meu realizador preferido, rodado no país em que me encontro, com referências a situações que vivo, com o grupo de Erasmus formado no curso de espanhol (como podem denotar pelas fotos, são quase sempre as mesmas pessoas). Isto tudo somado ao facto de o curso ter acabado ontem e amanhã todos termos outras vidas com aulas e novas amizades – embora com promessas de manter contacto – torna-se uma experiência transcendente.

O filme acaba e seguimos para casa. Saio do metro. Saco do bilhete de cinema e sorrio. Amanhã há vida nova. Fica a nostalgia do mês que passou.

P.S. Podem ficar descansados, vi o filme na versión original subtitulada. Não me deixo contaminar pelos vícios demoníacos dos espanhóis.

La Via Lactea

Aqui fica mais um apontamento relevante para os vossos guias turísticos de Madrid. Este bar chamado La Via Lactea, apesar de ter um logótipo exterior que mais parece a entrada de um clube de strip, é dos mais antigos de Madrid e mantém-se extremamente cool com a sua vibe de dirty punk rock dos anos 70 e 80 – como podem ver pela foto da decoração – e com música bastante boa referende à época (em inglês e sem espanholadas de magoar a alma).

Na foto estão representados, do meu lado esquerdo, os tugas, e do lado direito os italianos. Para além do gang latino podem denotar, entre as garrafas de Corona, uma bandeira do Porto, facto que não é estranho tendo em atenção que é tudo malta do norte e, como se sabe, o Porto perdeu, perdão, jogou, ontem.