Sunday, March 1, 2009

Erasmus Lectivo: 2º Semestre

Palacio de Cristal, El Retiro, Madrid

Embora o senso comum (ou o álcool) tenda a esquecer que a parte lectiva de Eramus, de facto, existe (para além do Erasmus Festivo) eis que depois de algumas semanas sem qualquer tipo de vida, dedicando a minha existência à doce actividade de estudar para os exames, nada melhor do que acabar os ditos numa sexta-feira e começar as aulas na… segunda-feira seguinte (não vamos cá perder o ritmo académico com futilidades como são uns dias de descanso!) Não obstante, o esforço valeu a pena e as cinco cadeiras estão todas feitas. Yupiii!!

E como contra o calendário do establishment académico a minha simples entidade estudantil estrangeira nada pode, toca a iniciar um novo semestre Erásmico sem mais demoras. Desta vez sem estágio mas como mais uma cadeira (deveriam ser mais duas, mas pareceu-me que não passei Badajoz apenas para ser uma escrava dos livros) ficando assim com a singela quantidade de seis asignaturas para fazer.

Política y Gobierno de los Estados Unidos (levantar-se-á uma grave crise existencial sobre a minha alma se eu chumbar a esta)
Política Exterior de España
Relaciones Internacionales Asia-Pacífico
Relaciones y Política Exterior de la Unión Europea
Ideologías Políticas
Análisis Comparado de las Democracias

Pela positiva, uma das melhores coisas que a Universidad Complutense de Madrid tem (ou pelo menos a Facultad de Política y Sociología) é o facto de o quinto e último ano de licenciatura de Ciencias Políticas y de la Administración oferecer uma variedade enorme de opções. São literalmente dezenas de cadeiras, muitas delas que não existem em mais nenhuma faculdade em Espanha, distribuídas entre cinco especialidades (Estudios Internacionales, Estudios Europeos, Estudios de América Latina, Análisis Política, Administración Pública). E dado que todas elas têm dois horários diferentes, a probabilidade de algo de que gostamos estar sobreposto é escassa.

Pela negativa, e uma tendência bastante curiosa que notei no 1º semestre e que confirmei no 2º, é o facto de os espanhóis não terem o mínimo interesse pelo resto do mundo. As cadeiras pertencentes às especializações de Estudos Internacionais e União Europeia – ou seja, o mundo para além de Espanha – são preenchidas, na quase totalidade, por alunos Erasmus, dedicando-se os alunos espanhóis apenas a cadeiras de ciência política pura que não os obriga a levantar as orelhas para além das paellas e do jámon. A cadeira que tenho sobre União Europeia tem 45 alunos, com 20 nacionalidades e… 5 espanhóis.

And although I find this a bit disturbing, it doesn’t really surprise me. Espanha não tem, em nenhuma Universidade, um curso superior de Relações Internacionais. E depois de ouvirmos um espanhol histérico ao telefone a queixar-se que o professor tinha posto um texto em inglês como pergunta de exame – uma blasfémia académica que nunca lhe tinha acontecido – tudo parece normal.

Úélcóme tú Espaine!

P.S. E o pior no meio disto tudo é que, mesmo com estas características, os espanhóis sabem -se dar valor e são o terceiro país mais visitado do mundo. Não teria Portugal capacidade para ser mais e melhor que Espanha se finalmente surgissem líderes políticos que ultrapassassem a contínua e histórica linha de mediocridade e corrupção que pautam a nossa classe política?

Gosto mais de Madrid do que de Lisboa e isso entristece-me.

1 comment:

Anonymous said...

que nada te entristeça por estares longe desta cidade ranhosa (sim,já estou novamente em terras lusitanas..o último semestre levantou-se enquanto prioridade). Esses tios todos relmente pouco ou nada falam outro idioma, isso sim é uma tristeza..nada ultrapassa a paella e o jamón,como dizes. let it go..não podemos infelizmente mudar o mundo!
por cá te esperamos, querida fifas e resta-me desejar-te boa sorte e tudo de bom lol