Sunday, March 15, 2009

Dias Locos: Part I

Desde quinta-feira passada que o meu corpo é intensa e internacionalmente requisitado para o mais variado tipo de eventos sociais. Aqui fica uma súmula dos ditos.

Quinta-Feira, 12 de Maio

Act I

Huelga general. Os alunos espanhóis, especialmente aqueles com “convicções” de extrema-esquerda que frequentam a Faculdade de Política da Universidade Complutense (ou pelo menos o seu bar e corredores) têm desde o princípio do ano lectivo um chupa-chupa bem docinho que não querem largar – protestar contra Bolonha. Esta é a segunda vez que fazem greve e lá foram eles, com as suas roupas em 5ª mão e cabelos cortados à navalha (coz that's what Lenin/Marx/Che would aproved) protestar para o centro de Madrid. Mas isto só depois de graffitar a faculdade toda com citações comunistas como “la lucha es el único camino!” e tirarem as portas das salas quase todas para que não houvesse aulas. Moral da história: fiquei a dormir.

Ao acordar, com um belo dia de sol, eis que recebo logo pela manhã (meio-dia) um convite para ir passar umas horas sentada na relva do Parque do Retiro com o Carl e o Jamie, pedido ao que imediatamente acedi (e no final do qual ainda me cruzei com os ditos protestantes em Cibelles). Depois de um agradável banho de sol, o Jamie segue para o aeroporto em direcção à chuva e ao nevoeiro de Manchester e eu sigo para casa com vista a preparar-me para um serão de luxo diplomático.


Act II

Hotel Intercontinental, Paseo de la Castella, Madrid. Aquilo a que os organizadores designaram por “I Jornadas para o Expatriado Português” tinha o título um pouco desfasado da realidade. Se o primeiro implica alguma espécie de encontro para ajudar os portugueses que se encontram no estrangeiro, o facto de ter sido feito num Hotel de Cinco Estrelas e apenas estarem presentes gestores, empresários, representantes de grandes empresas e representação diplomática – onde eu era, mais que seguramente, a única pessoa que fazia baixar a média do PIB per capita da sala uns pontos consideráveis – depressa se percebe qual o perfil do expatriado português presente no evento.

Mas como de preocupações sociais não se aproveita a vida, quero deixar aqui o meu grande bem-haja e agradecimento a todos os contribuintes portugueses que me permitiram desfrutar de um serão de divinos canapés, imensos candelabros e um porteiro a abrir-me a porta com ar de “deve estar enganada no sítio”.


Act III

La Latina. Depois de encher a barriguita com p máximo possível de canapés chiquérrimos, beber o máximo possível de coca-cola chiquérrima e roubar uns quantos pacotes de chá chiquérrimos eis que resolvemos ir beber mais copo (este já pago), deixar a alta sociedade lusitana e misturarmo-nos com a ralé local em La Latina, um dos sítios de la noche madrileña. E esclarecendo o plural da frase, o “resolvemos” aplica-se a mim, à actual estagiária do consulado e às amigas que ela levou para encherem a sala de conferências do hotel (pelo visto não há assim tanto português expatriado rico aqui).


(to be continued…)

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