Sunday, October 19, 2008

Noites de Tapas, Blues e Camões

No relato que se segue vou dividir a noite de ontem em três actos. Todos distintos, todos memoráveis.

Acto I. El Tigre. Tapas e cerveja (ok, para alguns coca-cola) com duas italianas e uma espanhola. Este bar, situado na Chueca, tornou-se o ponto de encontro dos Erasmus aqui em Madrid. Está sempre completamente lotado e tem bons motivos para isso – por cada cerveja (again, coca-cola) pedida é dado um prato de comida (bem boa!), as chamadas tapas (como podem ver na foto). Este ritual torna-se tão viciante que muita gente sai dali bêbado, de barriga cheia e carteira vazia. Mais uma vez reforço a ideia que este bar é mesmo muito bom e se vieram a Madrid não deixem de lá dar um saltinho (de várias horas)!


Acto II.
Red House @ Bogui Jazz. Muda-se a equipa erásmica e passo a estar acompanhada por uma inglesa, uma francesa, uma dinamarquesa e uma italiana. Sigo para um concerto de blues, que se provou fenomenal, de uma banda chamada Red House num pequeno club de jazz perdido, também, na Chueca, o Bogui Jazz. Mal sabia eu, antes de alguma investigação, que esta é das melhores bandas de blues da Europa com vários prémios ganhos pelo mundo inteiro. Para quem gosta de todo o movimento de blues desenvolvido em Nova Orleães, Estados Unidos ou mesmo de Elvis Presley, e os artistas da Sun Records em inicio de carreira, estes concertos são algo a não perder. O vocalista era californiano e a vibe transmitida ao público por toda a banda… God bless the Blues!


Acto III. Camões. O momento WTF na noite, ou dito de uma maneira mais literária… nada melhor que terminar a noite com um surrealismo poético. Ainda sem sair da Chueca, caminhando pelas ruas, cruzamo-nos com dois chicos argentinos já, ligeiramente, alcoolizados. Qual não é a minha surpresa quando, ao descobrir que sou portuguesa, um deles recita um poema de Luís de Camões. Não fosse isto estranho o suficiente e eis que cambia para Fernando Pessoa e começa, não só a descrever-me os heterónimos, como conhecia poemas como Tabacaria. Eu sou grande fã de Fernando Pessoa e conheço poemas de Camões mas, digam-me lá quantos de vocês, portugueses originais, têm o mesmo conhecimento dos maiores poetas portugueses como tinha este argentino bêbado às duas da manhã que conheci totalmente por acaso?

2 comments:

Marisa said...

É preciso sair de Portugal para encontrar um pouco de poesia portuguesa, algures perdida entre o álcool e o tango... Que mais se pode desejar? :P
Ah, e quero ir provar as tapas do Tigre... :)

Anonymous said...

LOL acreditas que umas horitas depois estava eu no mesmo bar, que após as duas se transforma no Independance, numa festa de The Strokes vs The Killers. Madrid...tão grande e tão pequeno ao mesmo tempo ;)